As demandas do mercado de trabalho têm se modificado ao longo dos anos, valorizando determinadas competências profissionais. De acordo com o estudo “Future of Education and Skills 2030”, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma das habilidades necessárias para uma carreira bem-sucedida no futuro será a criatividade. Por isso, é importante estimulá-la nas crianças e adolescentes em idade escolar.
Luiza Helena Sudário, assessora pedagógica da Mind Makers, afirma que é preciso desmistificar a ideia de que a criatividade está relacionada às artes. Portanto, a criatividade pode ser aprendida e desenvolvida em diversos âmbitos. “Saber pintar um quadro, tocar um instrumento ou fazer uma escultura, por exemplo, é um talento”, diz ela. É necessário mostrar aos alunos que todos são criativos. “A criatividade é como um músculo que precisa ser trabalhado e fortalecido, com esforço, treino e prática”, completa ela.
“Quando os alunos fazem essa virada de chave, eles entendem que ser criativo é gerar ideias e soluções para os desafios enfrentados…é perder o medo de experimentar e imaginar, mesmo que algo possa dar errado e seja necessário criar outras alternativas e rotas”, comenta a assessora. Uma das formas de estimular esses efeitos é por meio de uma técnica chamada brainstorming ou toró de ideias, que consiste em desligar os filtros do cérebro e considerar qualquer pensamento como uma possível proposta.
Confira três maneiras de utilizar esta técnica:
1. Brainstorming tradicional
No método clássico, um grupo de pessoas se reúne para sugerir soluções a um determinado problema. Cada participante sugere a primeira ideia que vier em sua mente. Críticas ou julgamentos de outros colegas são proibidos. No caso de uma sala de aula, é importante que todos participem e escutem os pontos de vista dos demais alunos. Para um brainstorming é essencial ter escuta.
Luiza Helena afirma que esse é um momento de ideação, ou seja, de formação e encadeamento das ideias. “A quantidade é a prioridade inicial e não a qualidade. O objetivo é produzir muitas ideias, mesmo que elas não façam sentido no momento. É preciso liberar espaço para que as ideias boas também surjam, e isso só é possível quando todos os pensamentos são colocados para fora”, comenta.
A especialista relata que o brainstorming é uma forma eficaz de:
- Produzir muitas ideias rapidamente;
- Expandir o portfólio de alternativas;
- Criar entusiasmo, incentivando as pessoas a colocarem as ideias no papel;
- Resolver problemas complicados;
- Melhorar a colaboração da equipe.
2. Brainwritting
Com os mesmos objetivos do modelo tradicional, o brainwriting é uma técnica que envolve a escrita individual dos pensamentos em um papel. Cada um dos manuscritos é repassado aos demais participantes, que devem lançar novas ideias a partir das já propostas. “É importante ressaltar que tudo isso ocorre de modo silencioso, em uma junção de interações individuais e em grupo, para no fim ser discutido por toda a equipe”, conta a assessora pedagógica.
A técnica funciona em etapas:
- O moderador deve apresentar o objetivo do brainwriting e fazer uma retrospectiva com personas, dados e insights para que todos tenham o mesmo nível de conhecimento e, assim, possam contribuir igualmente.
- É determinado o tempo e a quantidade de rodadas para a geração de ideias.
- As melhores propostas são selecionadas, expostas em um quadro visível para todos e, em uma votação, os participantes escolhem quais deverão ser trabalhadas pela organização em planos de ação.
3. Mapa mental
O mapa mental consiste em desenhar diagramas e priorizar ideias de forma lógica. Primeiro, é definido o tema principal em uma palavra ou termo, escrito no centro de uma folha de papel horizontal. A partir desse ponto central, são desenhadas setas, símbolos, cores e frases de efeito com o objetivo de organizar o conteúdo e facilitar associações entre as informações destacadas.
Visto como um brainstorming visual, o mapa mental é útil para interligar conceitos, memorizar conteúdos e planejar a aprendizagem. “Além disso, os alunos podem usá-lo para dar vida a qualquer ideia, tarefa ou projeto que venha à cabeça, como o planejamento de carreira”, comenta Luiza. A técnica também pode ser utilizada como um resumo das ideias já apontadas para facilitar a memorização.
O brainstorming em sala de aula
A assessora afirma que todos esses métodos trabalham a confiança criativa dos alunos. “Exercitar a criatividade ainda soa como um grande mistério, principalmente porque não existe uma só regra para isso. As pessoas carregam alguns bloqueios e paradigmas que as impedem até mesmo de reconhecer que podem ser criativas.”
De acordo com ela, os alunos também aprendem a identificar que a quantidade é condição para qualidade. É preciso gerar muitas alternativas para encontrar a solução.
Além disso, construir sugestões a partir de ideias que já existem é uma boa forma de estimular a imaginação e desbloquear o pensamento. “Muitas vezes a ideia de uma pessoa abre espaço para que várias outras possibilidades venham à mente. As ideias que todos têm são, em geral, muito parecidas ou por vezes iguais. E está tudo bem. A maioria dos alunos têm idades, experiências de vida e repertórios semelhantes”, relata Luiza.