Saiba o que acontece nas aulas de conexão, repertório, game e projeto e os seus benefícios para os estudantes
O Empreendedorismo Criativo (EC) é uma disciplina destinada a desenvolver a ação e a experimentação nos estudantes, que precisam ter uma postura autônoma e foco na execução de atividades e projetos. Voltada para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, conta com aulas especiais–de conexão, repertório, game e projeto–que visam preparar os alunos para os desafios do mundo atual. Confira a seguir como funcionam essas aulas e os seus benefícios para a formação dos estudantes.
Aulas de conexão
As aulas de conexão têm o objetivo de desenvolver habilidades como a empatia e a colaboração, por meio de atividades que conectam os alunos entre si, o facilitador e os estudantes. Luiza Helena Sudário da Silva, assessora pedagógica da Mind Makers, detalha duas atividades desse tipo de aula.
A primeira é o “Desenho cego”. Os alunos, organizados aleatoriamente em duplas, são instruídos a desenharem uns aos outros sem olhar para o papel — olhando apenas para o rosto da sua dupla. “É uma atividade de olhos nos olhos. São quebrados diversos bloqueios criativos, como o medo da página em branco, o medo de errar e achar que é preciso ser um especialista para realizar determinada atividade”, diz a assessora.
A outra prática é “Me vejo em você”. Nela, a turma participa de um exercício denominado “Investigação Apreciativa”, em que é dividida em trios. A cada três minutos, cada integrante do grupo precisa responder a perguntas do tipo “qual é a sua história?”, “o que você faz bem?” e “o que lhe motiva?”.
Enquanto uma pessoa da equipe se apresenta, as outras duas são os ouvintes e não podem falar nada. A missão dos alunos em silêncio é investigar pontos positivos na história daquele que está com a fala, escrevendo-os em Post-its, como se fossem detetives de qualidades. O foco é a quantidade: conseguir escrever o máximo possível de características. Ao final, entregam os “presentes” escritos aos colegas e ao grupo.
Essa prática, segundo a assessora pedagógica, faz com que os alunos possam se conhecer através do olhar dos colegas. “Eles trocam experiências, se conectam e ajudam um ao outro a descobrir suas qualidades e seus pontos fortes, que passam muitas vezes despercebidos.”
Aulas de repertório
Nas aulas de repertório, o foco principal é o conteúdo expositivo e a apresentação dos alunos a novos temas. Para exemplificar, Luiza cita a atividade de “Feira de Trocas”, com o tema da economia colaborativa. Trata-se de um modelo de negócios que compartilha bens e serviços, em vez da tradicional compra e venda. Essa troca pode envolver poder intelectual, força física, recursos humanos, entre outras coisas.
Após essa explicação, os alunos são conduzidos a um exercício conhecido como “Eu preciso de” e “Eu posso ajudar a”. Eles precisam refletir sobre quais recursos eles têm e podem colocar a serviço da turma, bem como quais eles precisam para desenvolver suas ideias, criando uma espécie de festival de trocas. A atividade também visa romper alguns bloqueios que existem na hora de tirar um projeto do papel. “É um momento de abrir a cabeça e enxergar novas possibilidades”, afirma a assessora.
Aulas de game
As aulas de game constroem o aprendizado com base em um jogo ou atividade lúdica, que cumprem um papel central na dinâmica da classe. Uma das tarefas propostas é a “Todos somos empreendedores” para abordar a importância do trabalho em equipe.
No início, é relembrado o conceito de “empreendedorismo” que, nesta atividade, é um ato coletivo e precisa de um grupo em sintonia para funcionar. Depois, o professor distribui um copo de acrílico para cada aluno e a turma precisa seguir o som e o ritmo da música “Escravos de Jó”, de forma ordenada. Os jogadores devem alternar os copos entre si, e nenhum pode ter mais de um copo em mãos.
De acordo com Luiza, o momento-chave da aula é o fechamento do professor. “Como a dinâmica desta aula é intensa, é provável que os alunos estejam sentindo e pensando inúmeras coisas”, comenta. “Inserir elementos marcantes que o professor observou durante o exercício pode ser um ótimo gatilho para que a turma se lembre daquilo que sentiu, facilitando o fluxo das respostas sem engessá-las”.
Aulas de projetos
Nos projetos, os estudantes desenvolvem suas ideias e conhecem as ferramentas e tecnologias existentes para facilitar seu trabalho. Eles colocam a mão na massa e participam de atividades que podem envolver toda a instituição e, até mesmo, a comunidade.
Por exemplo, no projeto final de um dos módulos, é abordada a ação social. Já foram feitas reformas de quartos em hospital, reformas de banheiros em asilo, arrecadações de medicamentos e ração para uma ONG de animais, ações com crianças carentes em uma creche, entre outras.
No módulo que trabalha os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) já foram trabalhados temas como a Pobreza Menstrual. “Um grupo de alunos movimentou toda a escola. Eles colocaram caixinhas com absorventes em todos os banheiros e quem desejasse poderia entregá-los às moradoras de rua no entorno da escola”, destaca Luiza.
Benefícios e impactos dos 4 tipos de aula
Nessas aulas, os alunos aprendem a importância de se conectar, ou seja, do trabalho em equipe, da força do grupo e da influência da comunicação. Nas atividades de game e projetos, por exemplo, os estudantes são tirados de sua zona de conforto e fazem parte de cada etapa das aulas com o professor.
Já as aulas de repertório mostram aos alunos que quanto mais leem, conversam, pesquisam e acessam novos conhecimentos, mais repertório terão para discutirem temas e comunicarem suas ideias. “Eles aprendem também a dar e receber feedbacks da forma correta”, aponta Luiza.
Ela conta que muitos alunos chegam retraídos para as dinâmicas, às vezes pensando que participarão de “brincadeiras bobas”. Porém, ao final, ficam empolgados e conseguem refletir sobre as atividades. “Tenho o relato de uma professora de que os alunos gostam tanto das aulas de Empreendedorismo Criativo que pedem para repetir alguma dinâmica para refazerem a atividade com outra percepção”, ressalta a assessora. “Outro relato interessante é que os alunos sugeriram fazer um diário de bordo, contendo suas percepções individuais das dinâmicas após a reflexão coletiva feita ao final de cada aula.”