A aprendizagem investigativa, a realização de projetos e prática de brainstorming estimulam a criatividade, a reflexão e o pensamento crítico nos alunos
A curiosidade é um desejo genuíno por conhecimento, uma disposição para descobrir algo novo e uma característica fundamental da cognição humana. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na segunda competência geral da Educação Básica, aborda a importância de estimular a curiosidade intelectual. O documento enuncia que deve-se “recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas”.
A investigação dá protagonismo aos alunos e os instiga a questionarem e discutirem o mundo ao seu redor. Os professores podem estimular a curiosidade intelectual dos estudantes ao propor atividades que exercitem a reflexão e o pensamento crítico, como a aprendizagem baseada em projetos, e incentivem a capacidade criatividade, como o brainstorming.
Aprendizagem Baseada em Projetos
Na Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project Based Learning (PBL), o docente apresenta uma questão para a turma e solicita aos alunos, organizados em grupo, que criem um projeto para solucionar o problema. Ao mesmo tempo em que os alunos colocam em prática os conhecimentos teóricos aprendidos em sala de aula, envolvendo diferentes componentes curriculares, eles desenvolvem competências socioemocionais, como trabalhar em equipe, comunicar-se de forma clara e efetiva, tomar decisões, cooperar e colaborar com seus pares. Trata-se, assim, de uma metodologia ativa de aprendizagem, em que os estudantes assumem protagonismo na construção do conhecimento.
Alguns elementos e etapas da Aprendizagem Baseada em Projetos são:
- Pergunta motivadora: o primeiro passo consiste em lançar uma questão para os alunos refletirem, relacionada ao tema do projeto.
- Desafio proposto: é a definição do projeto em si, que pode envolver o desenvolvimento de um produto ou serviço.
- Pesquisa e conteúdo: os estudantes descobrem quais ferramentas e conhecimentos necessitam para atingir seu objetivo.
- Realização do projeto: os alunos desenvolvem sua solução para o problema proposto.
- Reflexão e feedback: o grupo apresenta seu projeto e recebe comentários e feedbacks dos colegas e professores.
- Resposta da pergunta: o docente volta ao questionamento inicial, e os estudantes, com o conhecimento adquirido durante a realização do projeto, vão respondê-lo.
- Avaliação do aprendizado: o professor avalia se os alunos atingiram os resultados esperados.
Victor Haony, assessor pedagógico da Mind Makers, reforça que, além da curiosidade intelectual, o PBL estimula o protagonismo dos estudantes, o domínio de tecnologias, o manejo do tempo e a convivência com os colegas. “Diante de um problema, o grupo precisa pensar em soluções para resolvê-lo, utilizando a argumentação e o respeito aos membros da equipe”, afirma. “Esse é um treino para a vida, uma vivência que prepara para o futuro e para o mercado de trabalho.”
Brainstorming
Outro tipo de atividade para estimular a curiosidade intelectual dos alunos é o chamado brainstorming ou “chuva de ideias”, prática que consiste em reunir um grupo de pessoas para gerar novas ideias sobre determinado assunto ou discutir soluções para uma questão ou problema. Há três formas de aplicar a técnica:
- Brainstorming tradicional
No método clássico, cada participante sugere a primeira ideia que vier em sua mente, e críticas ou julgamentos às contribuições dos colegas não são permitidos. É importante que todos participem e escutem os pontos de vista dos demais alunos, pois cada nova ideia pode abrir caminho para outras.
- Brainwritting
Com os mesmos objetivos do modelo tradicional, trata-se de uma técnica que envolve a escrita individual das ideias em um papel. Cada um dos manuscritos é repassado aos demais participantes, que devem lançar novas ideias a partir das já propostas. As melhores são selecionadas, expostas em um local visível para todos. Em uma votação, são escolhidas as que serão trabalhadas.
- Mapa mental
Consiste em desenhar diagramas e priorizar ideias de forma direta e visual. Primeiro, é resumido o tema principal em uma palavra ou termo, que é escrito no centro de uma folha de papel, arquivo ou lousa. A partir desse ponto central, são usadas setas, frases e cores com o objetivo de organizar o conteúdo, mostrar processos e facilitar associações entre as informações destacadas.
Segundo Luiza Helena Sudário, assessora pedagógica da Mind Makers, com essas técnicas de brainstorming, os alunos aprendem que a quantidade é condição para qualidade. “É preciso gerar muitas alternativas para encontrar a solução”, afirma. “Muitas vezes, a ideia de uma pessoa abre espaço para que várias outras possibilidades venham à mente. Construir sugestões a partir de ideias que já existem é uma boa forma de estimular a imaginação e desbloquear o pensamento.”