Abordagem estimula habilidades socioemocionais e cognitivas, melhora a interação entre os estudantes e promove o senso de responsabilidade
A aprendizagem colaborativa envolve a troca de ideias e a resolução conjunta de problemas entre os alunos. Essa metodologia foge do ensino tradicional e é um dos pilares das recentes transformações na educação, impulsionadas pelas mudanças da sociedade, das tecnologias e das demandas do mercado de trabalho.
Trabalhos em equipe são benéficos tanto para o rendimento acadêmico dos alunos quanto para o desenvolvimento de competências socioemocionais, como comunicação, liderança e pensamento crítico. Neste post, vamos explorar o que caracteriza a aprendizagem colaborativa, seus benefícios e como ela pode ser aplicada no contexto escolar.
O que é aprendizagem colaborativa?
De acordo com Pierre Dillenbourg, educador francês, a aprendizagem colaborativa é uma situação em que dois ou mais indivíduos aprendem, ou tentam aprender algo juntos. Ela pode assumir múltiplas caracterizações e ocorrer de diversas maneiras – de forma presencial ou virtual, síncrona ou assíncrona e envolver duas ou milhares de pessoas.
Para ele, uma colaboração genuína envolve três características:
- Objetivos comuns;
- Divisão do trabalho entre os membros do grupo;
- Simetria na interação, com todos os membros do grupo no mesmo nível de hierarquia, conhecimento e responsabilidade.
Benefícios da aprendizagem colaborativa
A aprendizagem colaborativa traz inúmeros benefícios cognitivos e socioemocionais. O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, define algumas habilidades fundamentais para o século XXI, como pensamento criativo, empatia, escuta ativa, liderança e influência social. A colaboração entre os alunos atende ao desenvolvimento dessas competências, por meio de atividades como trabalhos em grupo, resolução de problemas e uso da comunicação.
Essa abordagem também contribui para um maior engajamento dos alunos no processo de ensino e aprendizagem. Os estudantes que se sentem parte ativa da construção do conhecimento se tornam mais motivados, o que se reflete em melhores resultados acadêmicos. Segundo um estudo da Universidade de Stanford, pessoas que trabalham juntas persistem em uma tarefa por 64% mais tempo do que aquelas que se dedicam individualmente à mesma atividade. O estudo também relatou níveis mais elevados de envolvimento, sucesso e mais baixos de fadiga nos integrantes dos grupos.
Outras vantagens da aprendizagem colaborativa incluem:
- Habilidades de comunicação: a necessidade de dialogar e argumentar dentro dos grupos faz com que os alunos aprimorem sua capacidade de expressão e de ouvir outras perspectivas.
- Senso de responsabilidade: por terem que contribuir para o sucesso do grupo, os alunos aprendem a assumir responsabilidades individuais e coletivas e a cooperar com seus colegas.
- Retenção de conhecimento: alunos envolvidos em métodos colaborativos tendem a lembrar mais das informações, já que costumam discutir com os colegas e ensinar uns aos outros, o que traz uma compreensão mais profunda do conteúdo.
- Competências sociais: trabalhar em grupo ajuda os alunos a desenvolver habilidades de liderança, empatia e resolução de conflitos. Esses aspectos são fundamentais para formar relações saudáveis na escola, no trabalho e na vida pessoal.
Diferença entre aprendizagem colaborativa e aprendizagem cooperativa
Os conceitos de aprendizagem colaborativa e aprendizagem cooperativa, muitas vezes, se sobrepõem. Eles costumam ser tratados como sinônimos, já que ambos envolvem o trabalho em equipe e se caracterizam como metodologias ativas, que divergem do ensino tradicional. Porém, muitos autores os consideram distintos nas suas perspectivas teóricas e práticas.
A aprendizagem colaborativa é vista como um processo mais aberto, no qual os alunos são incentivados a contribuir igualmente e construir conhecimento juntos. Não há uma divisão fixa de tarefas, e o grupo deve criar conjuntamente um produto ou solução. Por exemplo, um projeto de pesquisa, no qual os alunos discutem o tema, desenvolvem ideias e apresentam um trabalho final, no qual todos participaram ativamente em cada etapa.
Já a aprendizagem cooperativa, por outro lado, é mais estruturada, com papéis e responsabilidades claramente definidos para cada membro do grupo. Nela, o professor desempenha um papel maior em organizar e supervisionar as atividades. Um exemplo é a realização de um trabalho em grupo, no qual cada integrante recebe uma função diferente (levantar as fontes, pesquisar, redigir, apresentar etc.), assegurando que cada um cumpra a sua parte.
Sendo assim, as principais diferenças entre aprendizagem colaborativa e aprendizagem cooperativa são:
- Estrutura: a aprendizagem cooperativa é mais organizada e hierarquizada, enquanto a colaborativa é mais flexível e aberta.
- Papel do professor: na aprendizagem cooperativa, o professor tem mais controle, enquanto na colaborativa, os alunos assumem maior responsabilidade por sua aprendizagem.
- Interdependência: na aprendizagem colaborativa, a interdependência é construída ao longo do processo, enquanto na cooperativa, ela é preestabelecida.
Como implementar a aprendizagem colaborativa nas aulas?
Para aplicar a aprendizagem colaborativa na sala de aula, é preciso ter um planejamento das atividades. O professor deve escolher um tema ou problema que exija colaboração e que tenha espaço para diferentes perspectivas e soluções, como a construção de um robô, a montagem de um calendário ou a organização de um evento escolar.
Depois disso, é hora de definir os grupos, misturando alunos com diferentes competências. Também é importante que exista um momento para a introdução da tarefa antes de começar a atividade, para explicar claramente o objetivo do projeto e como os alunos devem trabalhar em conjunto.
Durante a execução, o docente precisa estar disponível para responder a perguntas e orientar os grupos, mas sem interferir excessivamente. Esse período é importante para observar a turma e avaliar tanto o resultado final quanto o processo colaborativo dos estudantes, considerando a participação de cada um dos alunos.
Para que o professor consiga transformar a sala de aula em um ambiente de construção conjunta de conhecimento, aqui estão mais 7 dicas para implementar a aprendizagem colaborativa nas aulas:
- Criar grupos heterogêneos: a diversidade de habilidades, estilos de aprendizagem e perspectivas ajuda a enriquecer as discussões e o processo de construção de conhecimento.
- Rotacionar papéis na equipe: durante as atividades, fazer com que os alunos assumam diferentes funções (líder, pesquisador, redator, apresentador), para que todos experimentem várias responsabilidades.
- Estabelecer normas de grupo: promover a responsabilidade individual e de grupo desde o início, com regras e combinados para a participação e o comportamento.
- Promover a autonomia: incentivar os alunos a tomarem decisões e resolverem problemas por conta própria, interferindo apenas quando necessário.
- Investir em um espaço maker: é interessante ter um ambiente físico que favoreça a colaboração, com cadeiras móveis e espaços flexíveis que facilitem a interação.
- Utilizar técnicas de brainstorming: incentivar dinâmicas de geração de ideias, em que cada membro do grupo contribui com soluções criativas para um problema.
- Reflexão pós-atividade: incentivar os grupos a refletirem sobre o que funcionou bem e como podem melhorar da próxima vez.
Você sabia que na Mind Makers as propostas envolvem a aprendizagem colaborativa e o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade, entre outras competências? Entre em contato conosco e veja como podemos transformar a experiência de ensino na sua escola!