Cultura maker: entenda o conceito e como aplicá-la na educação

A ideia de que qualquer pessoa pode criar, construir e personalizar objetos e produtos tem como base a experimentação, a inventividade e a colaboração

A cultura maker, movimento popularizado no século XX, é uma das grandes tendências da educação até os dias de hoje. Montagem de robôs, criação de protótipos em impressoras 3D, construção de circuitos eletrônicos, projetos de reciclagem e feiras de ciência são alguns exemplos de atividades que fazem parte dessa proposta.

Essa iniciativa desenvolve estudantes e profissionais mais ativos nos projetos que participam e protagonistas em seus processos de ensino e aprendizagem e de trabalho. Algumas das principais habilidades aprimoradas por essa abordagem são a criatividade, a resolução de problemas e o trabalho em grupo.

Neste blog, você vai entender mais sobre o que é a cultura maker e quais são suas vantagens para os alunos e para a sociedade em geral. Também explicaremos quando a educação maker surgiu e seus princípios, além de como e por que os educadores devem implementá-la em suas instituições de ensino.

O que é cultura maker e educação maker

A palavra “make” significa “fazer” ou “criar” no português. Em tradução livre, o chamado Maker Movement pode ser definido como “movimento mão na massa”. A iniciativa, portanto, valoriza a aprendizagem prática e incentiva a criação, a construção, o conserto e a personalização de objetos com as próprias mãos, utilizando uma variedade de ferramentas e tecnologias.

No contexto geral, social e profissional, a cultura maker é um movimento que incentiva as pessoas a criarem, construírem, consertarem e personalizarem objetos de forma prática e colaborativa. Isso envolve aparelhos computacionais, sistemas eletrônicos, utensílios domésticos e até mesmo obras de arte.

A cultura maker surgiu da combinação de avanços tecnológicos acessíveis, como impressoras 3D, cortadoras a laser e kits de eletrônica, e de uma filosofia “faça você mesmo” (DIY – Do It Yourself). Ela valoriza a criatividade, a inovação e a autossuficiência, promovendo a ideia de que qualquer pessoa pode ser um criador.

Já a educação maker é a aplicação da cultura maker no contexto escolar. Trata-se de uma proposta pedagógica relacionada às metodologias ativas de ensino, que transformam os espaços de aprendizagem em locais de experimentação, criatividade e prática do conhecimento.

Origens da cultura maker

O registro mais antigo que pode ser relacionado à cultura maker, segundo um estudo da Escola de Engenheria de São Carlos da Universidade de São Paulo, é um livro de Joseph Moxon, hidrógrafo e tipógrafo inglês, publicado no século XVII. A obra continha instruções sobre como uma pessoa sem formação poderia realizar tarefas simples de ferraria, marcenaria, desenho, impressão de livros e confecção de mapas, por exemplo.

Porém, foi só no século XX que essa prática se popularizou, principalmente em períodos de recessões e pós-guerras. Com a diminuição da jornada de trabalho e a valorização dos hobbies, o conceito Do It Yourself (DIY) ou “Faça Você Mesmo” ganhou força entre as décadas de 1950 e 1960.

Essa prática era incentivada por programas de televisão e publicações impressas, que ensinavam técnicas para decorar a casa, montar brinquedos para os filhos, cozinhar e consertar aparelhos. Já em 2005, foi lançada a revista Make, pelo empresário Dale Dougherty, totalmente focada em tutoriais e desenvolvimento de habilidades para a produção autônoma.

Quais os pilares da cultura maker?

A cultura maker é geralmente fundamentada em quatro pilares. São eles:

  1. Criatividade: as pessoas são incentivadas a pensar fora da caixa, explorar novas ideias e experimentar sem medo de errar.
  2. Colaboração: o trabalho em equipe permite o compartilhamento de conhecimentos e habilidades, com base nas diferentes perspectivas de mundo dos colegas.
  3. Sustentabilidade: os projetos maker devem incentivar o uso consciente de recursos, a reciclagem e a reutilização de materiais.
  4. Escalabilidade: as atividades propostas precisam possibilitar a reaplicação e ampliação, beneficiando mais pessoas.

Apesar de não serem universalmente reconhecidos como uma definição padronizada por uma única entidade ou autor específico, esses pilares têm relação com os nove princípios definidos no livro “The Maker Movement Manifesto”, do professor Mark Hatch. Segundo ele, o movimento maker é baseado em fazer, compartilhar, presentear, aprender, equipar-se, brincar, participar, apoiar e mudar.

Veja também:

Como implementar a cultura maker na educação?

Antes de pensar em estratégias e atividades práticas com os alunos, ter um espaço maker [linkar com “Espaço maker: o que é e como criá-lo na escola” quando for publicado] equipado com ferramentas e materiais específicos é fundamental. Ele precisa ser acessível, permitindo que os alunos explorem livremente suas ideias, e pode incluir impressoras, kits de robótica, ferramentas de eletrônica e materiais de artesanato, entre outros itens. 

Os projetos maker também devem integrar todas as disciplinas. Reunir os professores para pensar em atividades que se adequam a cada matéria é um caminho. Em matemática, por exemplo, pode ser trabalhada a programação. Em física, experimentos mecânicos. No caso de Língua Portuguesa e outras matérias de Ciências Humanas, podem ser elaborados jogos educativos.

Já na etapa de execução, os projetos maker são mais eficazes quando realizados em grupo. É importante organizar atividades que exijam colaboração e trabalho em equipe, em que os alunos possam compartilhar suas habilidades e aprender uns com os outros.

Veja alguns exemplos comuns de aplicação da cultura maker na escola:

  • Projetos de robótica: construção e programação de robôs para realizar tarefas específicas.
  • Criação de modelos e protótipos: usando software de design e impressoras 3D.
  • Experimentos científicos: desenvolvimento de projetos de investigação científica e apresentação dos resultados.
  • Artes e artesanato: criação de obras de arte utilizando técnicas e materiais variados, combinando criatividade e habilidades manuais.
  • Soluções sustentáveis: projetos que utilizam materiais reciclados ou que promovem a sustentabilidade ambiental.

Posteriormente, é interessante envolver a comunidade escolar e os pais na abordagem, como em feiras de ciências, exposições de projetos e dias de “portas abertas” na escola. Parcerias com empresas locais, universidades e organizações sem fins lucrativos podem fornecer recursos adicionais e oportunidades de aprendizado prático.

Veja também:

crianca brincando com tintas e pedras

Vantagens da educação maker

A inserção da cultura maker na educação traz inúmeros benefícios ao processo de ensino e aprendizagem. O engajamento dos alunos, por exemplo, aumenta de forma significativa em uma sala de aula interativa e dinâmica, bem como o interesse e a motivação geral. A colaboração entre os estudantes também é aprimorada devido aos trabalhos em equipe incentivados pelo professor.

Conheça mais alguns benefícios da educação maker:

  • Habilidades práticas: os alunos aprendem competências técnicas como eletrônica, programação, design e fabricação manual.
  • Criatividade e inovação: a cultura maker incentiva a exploração de novas ideias e a criação de soluções inventivas.
  • Pensamento crítico: os estudantes são desafiados a identificar problemas e pensar em respostas, o que desenvolve o pensamento analítico.
  • Autonomia e a confiança: as crianças e adolescentes concluem projetos por conta própria e aprendem a assumir responsabilidade por seu próprio aprendizado.
  • Preparação para o futuro: considerando as novas demandas do século XXI, os alunos são mais bem preparados para o mercado de trabalho, com conhecimentos em tecnologia e inovação.
  • Adaptabilidade e flexibilidade: a abordagem pode ser ajustada a diferentes contextos e necessidades dos alunos, permitindo um aprendizado personalizado.

A educação maker também é mais propensa a abordar temas da atualidade, como a promoção da sustentabilidade e consciência social. Projetos que utilizam materiais reciclados ou que tratam de problemas sociais ajudam a conscientizar os alunos sobre o meio ambiente e a sociedade. Por isso, é importante incentivar a criação de soluções que podem ter impacto positivo na comunidade e no mundo.

Importância da cultura maker na escola

Vimos que a educação maker tem a capacidade de transformar o ambiente escolar e tornar os alunos protagonistas de seu próprio aprendizado. A iniciativa consegue desenvolver habilidades essenciais, como a criatividade e a autonomia.

Esse movimento prepara os estudantes para enfrentar os desafios do futuro por meio de uma mentalidade inovadora, essencial para o sucesso pessoal e profissional no século XXI. Um defensor dessa afirmação é Chris Anderson, físico, escritor e empreendedor norte-americano, autor de obras como “A cauda longa” e “Makers – A nova revolução industrial”.

De acordo com ele, o Do It Yourself tem a capacidade de influenciar a sociedade ao ponto de que, daqui a alguns anos, qualquer indivíduo que tenha o mínimo de conhecimento técnico e as ferramentas certas conseguirá produzir seus próprios produtos. Por esse motivo, a escola precisa se adequar às novas demandas e ensinar as crianças e adolescentes a participarem do próprio futuro.

A Mind Makers oferece cursos inovadores, como Pensamento Computacional e o Empreendedorismo Criativo, em que os alunos colocam a mão na massa e desenvolvem habilidades cognitivas e socioemocionais indispensáveis para os profissionais do futuro. Quer saber mais! Conheça a Mind Makers!

Compartilhar:

Conteúdos relacionados

Educação disruptiva: o que é e como ela pode contribuir para o processo de ensino e aprendizagem
4 dinâmicas em sala de aula para estudantes do século XXI
Pensamento criativo: a importância da criatividade da escola ao mercado de trabalho

RECEBA A NOSSA NEWSLETTER