Educação empreendedora: o que é e como aplicá-la

Abordagem desenvolve a criatividade, a capacidade de resolução de problemas e de tomada de decisões, para que os alunos possam identificar oportunidades, inovar e criar soluções

Todas as pessoas já utilizaram aspectos da educação empreendedora em algum momento da vida, mesmo fora do âmbito escolar. A organização da mesa de trabalho para aumentar a produtividade, a troca da resistência de um chuveiro, a venda de produtos ou a escolha de uma carreira são alguns exemplos de experiências.

Elas refletem a aplicação prática de habilidades empreendedoras como a criatividade, a resolução de problemas e a tomada de decisões, que os estudantes precisam ser incentivados a desenvolver dentro e fora da sala de aula.

Neste post, vamos explicar o conceito de educação empreendedora, suas características essenciais e sua importância, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Vamos abordar também seus benefícios e como implementá-la no ambiente escolar.

O que é educação empreendedora?

A educação empreendedora é um modelo educacional que busca desenvolver nos alunos habilidades necessárias para identificar oportunidades, inovar, criar e gerir novos projetos. Ela promove competências socioemocionais, como o pensamento crítico, a resolução de problemas e o trabalho em equipe.

Essa abordagem não se limita à ideia de criação de empresas e negócios e não se aplica apenas aos estudantes que querem seguir uma carreira focada no empreendedorismo. Afinal, a formação de uma mentalidade empreendedora pode ser aplicada em diversas áreas, tanto na esfera pessoal quanto na profissional.

Importância da educação empreendedora e o que diz a BNCC

A educação empreendedora desenvolve habilidades como criatividade, inovação, resiliência e proatividade. Ela prepara os indivíduos para o mercado de trabalho e os ensina a solucionar problemas e a tomar decisões, além de aprimorar sua autoconfiança e autonomia.

Por esses motivos, ela deve ser implementada nas diversas etapas escolares, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. No contexto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a educação empreendedora é uma forma de desenvolver as competências gerais, especialmente aquelas relacionadas ao protagonismo e à responsabilidade social.

As competências 5 e 6 da BNCC, por exemplo, incentivam a autonomia, o protagonismo, a escolha de carreira, o projeto de vida e o conhecimento das tecnologias. Já a competência 10, sobre “responsabilidade e cidadania”, aborda a responsabilidade social, a atuação consciente e a busca por soluções éticas para os problemas do mundo. Isso também está alinhado aos princípios da educação empreendedora.

Os benefícios da educação empreendedora para o aluno

A educação empreendedora alinha-se aos objetivos educacionais do século XXI e forma indivíduos críticos, autônomos e socialmente responsáveis, promovendo o desenvolvimento integral dos alunos. Ela também os prepara para os desafios de um mundo em constante mudança, com os avanços tecnológicos, em que a capacidade de aprender deve ser sempre renovada.

Conheça mais alguns dos benefícios da educação empreendedora:

  • incentivo à inovação: estimula a criação de novas soluções e o pensamento criativo.
  • empoderamento pessoal: aumenta a autoconfiança e a autoestima.
  • resolução de problemas: aborda métodos para identificar e resolver problemas em contextos acadêmicos, profissionais e pessoais.
  • tomada de decisões: ajuda calcular e ponderar as opções disponíveis, considerando os riscos e benefícios envolvidos.
  • proatividade e resiliência: ensina os alunos a tomar a iniciativa, a agir de forma independente e a lidar com falhas e desafios.
  • liderança: desenvolve a capacidade de inspirar e motivar outras pessoas.

Características essenciais da educação empreendedora

Os educadores precisam ter um espírito empreendedor para transmiti-lo aos alunos. É o que diz Jacinto Jardim, diretor do Gabinete de Educação para o Empreendedorismo e Cidadania Global (GabEECG) e investigador da Universidade Aberta, de Portugal.

Ele explica, em uma entrevista ao Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que o educador precisa estabelecer relações, criar laços e formar redes, entrando em contato com instituições e empresas. “Em um mundo global e digital como o nosso, precisamos de pessoas que façam essas conexões.”

E cada professor deve ter a liberdade de criar formas de ensinar o empreendedorismo para os alunos. Principalmente porque a metodologia envolve, justamente, a criatividade, a inovação e a originalidade, tanto dos estudantes quanto dos docentes. Porém, existem algumas características essenciais e indispensáveis nas aulas para o aproveitamento dos benefícios.

Pensando no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, por exemplo, a criatividade e a inovação não podem faltar, bem como a resolução de problemas e a tomada de decisões. Essas competências são a essência do empreendedorismo e devem ser aprimoradas por meio de atividades que façam os alunos pensarem “fora da caixa” e colocarem em prática suas ideias.

Já sobre os conhecimentos técnicos, os estudantes devem ser capazes de compreender conceitos básicos de finanças e gestão de recursos, estratégias de como planejar e estruturar um negócio e noções de marketing e venda de produtos ou serviços. Mesmo que não utilizem essas informações para montar uma empresa própria, elas desenvolvem o raciocínio lógico, o pensamento analítico, a comunicação e conhecimentos que podem ser aplicados em outras situações.

Para concretizar esses aprendizados, segundo Jacinto Jardim, a experiência prática é um passo importante. “Temos o learning by doing, o aprender fazendo”, comenta. “É a prática, a experiência, o colocar a ‘mão na massa’. É fazer um projeto e transformá-lo na realização de algo maior”. Projetos externos, trabalhos de campo, estudos do meio e espaços maker podem ser interessantes para instituições de ensino que dispõem dessas opções. Porém, atividades simples em sala de aula que criem situações em que os alunos possam aplicar suas habilidades em contextos reais servem para o mesmo propósito.

criancas aprendendo a usar o abaco

Como aplicar a educação empreendedora?

Implementar a educação empreendedora requer a criação de um ambiente de aprendizado dinâmico e prático, que estimule o desenvolvimento das habilidades e características essenciais para o empreendedorismo.

Entre as estratégias para implementar essa abordagem em sala de aula estão:

  1. Uso de metodologias ativas: sala de aula invertida, gamificação e aprendizagem baseada em projetos, entre outras metodologias ativas, dão protagonismo ao aluno. Elas também o colocam no centro do processo de ensino e aprendizagem, ao mesmo tempo que estimulam o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como comunicação e colaboração.
  2. Realização de atividades práticas: a criação de startups fictícias, o desenvolvimento de protótipos ou a organização de feiras de inovação são propostas que desafiam os alunos a criar e desenvolver novos produtos, serviços ou soluções para problemas reais. Jogos de simulações de negócios, eletrônicos ou de tabuleiro, como o Monopoly, também permitem que os alunos experimentem o gerenciamento de uma empresa.
  3. Promoção da criatividade: sessões de brainstorming estimulam a geração de ideias, a exploração de novas soluções e incentivam os alunos a pensarem de forma inovadora, considerando múltiplas perspectivas. Oficinas de design thinking, espaço maker, atividades artísticas e desafios criativos diversos são outras possibilidades.
  4. Resolução de problemas e tomada de decisões: para os estudantes mais velhos, é possível utilizar estudos de caso que apresentem problemas reais enfrentados por empresas e organizações. O professor pode pedir a eles que analisem e proponham soluções, antes de mostrar a atitude da empresa. Envolver os alunos em análises de cenários, em que eles devem tomar decisões com base em dados e informações fornecidas, ensina-os a avaliar riscos e benefícios e a considerar diferentes opções.
  5. Integração com o mundo real: estabelecer parcerias com empresas, startups e organizações locais proporcionam experiências de aprendizado interessantes. Conectar os alunos com empreendedores e profissionais experientes para palestras na escola, por exemplo, também é um caminho.
  6. Tecnologias digitais: integrar recursos tecnológicos ao processo de ensino e aprendizagem, com intencionalidade pedagógica, capacita os estudantes a utilizarem essas ferramentas de forma crítica, significativa e reflexiva. Entre elas estão ferramentas de prototipagem, softwares de gerenciamento de projetos e plataformas de colaboração online.
  7. Autonomia e sustentabilidade: ajudar os alunos a desenvolverem planos de carreira e objetivos pessoais promove o pensamento estratégico e o planejamento de longo prazo. E incorporar discussões sobre ética e responsabilidade social nas atividades empreendedoras prepara os alunos para agir dessa forma.

Outra ação importante para desenvolver o empreendedorismo são os momentos de reflexão ao final de cada aula, nos quais os alunos podem avaliar suas experiências e aprender com os erros. Essa avaliação contínua do desempenho dos estudantes os ajuda a identificar áreas de melhoria e a ajustar suas abordagens em novos projetos.

Leia também:

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